A prática da meditação é uma ferramenta útil para a obtenção da saúde física e mental, mas podemos ir além, com ela é possível adquirir uma nova e transformadora percepção da realidade que permita uma compreensão mais profunda da natureza humana.
ESTUDOS SOBRE MEDITAÇÃO, DOENÇAS E A VELHICE
Estudos já demonstraram que doenças e limitações não são consequências inevitáveis e exclusivas da velhice. Elas, na verdade, dependem também do conhecimento que as pessoas têm sobre prevenção e estímulo de hábitos saudáveis. Outro fator que influencia nessa equação é a visão da sociedade em relação ao processo de envelhecimento em si.
Ao longo dos últimos anos, os estudos dos efeitos da meditação em programas experimentais com portadores de diversos distúrbios psicossomáticos, têm mostrado a redução do estresse, da hipertensão, da ansiedade, da depressão, da dor crônica, do consumo de drogas, além de um fortalecimento do sistema imunológico e uma melhora na qualidade do sono.
VERDADEIROS RESULTADOS
Tais resultados reforçaram a constatação da neuroplasticidade, ou seja, da capacidade de adaptação a novos hábitos, como uma importante característica do Sistema Nervoso Central. Há algumas décadas, não se acreditava na possibilidade de surgimento de novos neurônios. Mas, segundo a pesquisadora Sara Lazar da Universidade de Harvard, a meditação promove um incremento de neurônios e a formação de novas redes neuronais que geram, consequentemente, um espessamento do córtex pré-frontal, área responsável pelo planejamento, tomada de decisões e controle emocional.
Elizabeth Blackburn, bioquímica da Universidade da Califórnia, comanda uma equipe que se dedica a estudar a meditação como fator de desaceleração do envelhecimento e aumento da expectativa de vida.
Uma importante contribuição científica de Blackburn foi a descoberta da enzima telomerase, substância destinada a preservar os telômeros, estruturas que compõe a terminação dos cromossomos e que tendem a se desgastar a cada divisão das células, esse desgaste provoca um paulatino encurtamento dos telômeros, gerando erros na duplicação celular e conduzindo ao inexorável envelhecimento do organismo. Por essa pesquisa, Blackburn recebeu o premio Nobel de Medicina, em 2009.
Juntamente com Elissa Epel também da Universidade da Califórnia, Blackburn realizou um ouro estudo que constatou encurtamento de telômeros e baixo nível de telomerase em indivíduos acometidos pelo stress.
As pessoas mais esgotadas tinham telômeros que indicavam uma década a mais de envelhecimento quando comparadas às menos estressadas, e tinham metade do nível de telomerase. Foi um indício de que, além de fazer mal à saúde, o estresse envelhece. Posteriormente, dois grupos de sujeitos foram formados, um de controle e outro que passou por sessões de meditação durante três meses em um retiro. Verificou-se que o grupo de meditantes, ao cabo desse período, possuía um nível de telomerase 30% superior ao grupo que não havia meditado.
A meditação parece ter colaborado para a redução da ação do cortisol, hormônio responsável pelo stress.
De modo geral, pesquisas semelhantes têm apontado: melhora do estresse relacionado ao câncer; melhora da atividade imunológica; melhora dos sintomas da fibromialgia; redução de recaídas no consumo de álcool e outras drogas e redução da insônia em mulheres na pós-menopausa.
Destaque-se também algumas aplicações de caráter social, como a crescente introdução de práticas meditativas em escolas junto a crianças e adolescentes, sobretudo, nos Estados Unidos. Da mesma forma, a meditação tem sido praticada em prisões. Tais experiências têm revelado uma considerável diminuição da violência e dos comportamentos anti-sociais.
Foi destacada a importância de os idosos se conhecerem bem e encararem o processo de envelhecimento como algo natural, e não como uma doença. Segundo a especialista, alguns estudos demonstram que as pessoas mais velhas que têm uma percepção mais positiva em relação ao avançar da idade vivem 7,5 anos a mais do que os que encaram esse período com pessimismo. E uma forma de recuperar a visão favorável, segundo algumas pesquisas, seria meditar.
Para tirar isso a limpo, Randara se dedicou a testar os efeitos da técnica. Para isso, ela recrutou 26 voluntários e os dividiu em dois grupos. Um teve aulas semanais de meditação e, o outro, aulas de promoção à saúde. “A avaliação de si mesmo e de sua percepção do envelhecimento dificilmente é mensurada por números”, diz.
Por isso, ela escolheu verificar esse dado por meio de desenhos. Antes da meditação, uma psicóloga deu um papel sulfite ao participante e pediu para que ele desenhasse uma pessoa idosa. Após a intervenção, o processo foi repetido. O resultado da experiência? Um desenho mais compatível com o envelhecimento real.