HABITAÇÃO COLABORATIVA PARA IDOSOS E JOVENS É TENDÊNCIA INTERNACIONAL.
Habitação colaborativa para idosos e todas as idades é tendência internacional
O termo de cohousing está ganhando popularidade como modelo de moradia para a terceira idade em vários países
A proposta de criar um espaço habitacional de economia colaborativa vem crescendo em vários países. A iniciativa, conhecida como co-lares, termo que vem do inglês cohousing, é uma tendência mundial, como alternativa para incentivar a sociabilidade e novas formas de interação entre idosos. A ideia é oferecer um estilo de moradia em que não há cercas e os moradores são amigos.
Criado na Dinamarca, na década de 1970, o modelo privilegiava a socialização e a economia compartilhada entre pessoas das mais variadas idades. O arquiteto Charles Durrett foi quem batizou o sistema de “cohousing” e o levou, em 1988, para os Estados Unidos. O país já conta com 11 habitações do tipo e o Canadá, 14. No Reino Unido, a prática começou a ser desenvolvida no fim dos anos 1990 e atualmente há 19 comunidades construídas.
Uma delas é a Older Women’s Cohousing (OWCH), um grupo de mulheres da Inglaterra com idade entre 50 e 87 anos, que criou uma comunidade de moradias exclusivamente para a terceira idade, em dezembro de 2016. O empreendimento é composto por 25 apartamentos individuais com espaços comunitários para atividades em grupos, como jantares e sessões de filme. No local, o lema é permanecer em atividade e ser independente. Na OWCH, todas as decisões são tomadas em consenso nas reuniões da comunidade.
A arquiteta Lilian Avivia, de 68 anos, que em 1988 foi uma das primeiras a falar sobre arquitetura para a terceira idade, aponta que a característica colaborativa auxilia as necessidades dessa população. “Geralmente, nesse tipo de lugar, as pessoas são próximas umas das outras e podem se apoiar mutuamente em momentos de instabilidade”, conta Lilian.
Ela também destaca que, como as pessoas moram perto umas das outras, não há necessidade que cada casa tenha cômodos como lavanderia, quarto de hóspedes e biblioteca, já que os espaços podem ser compartilhados entre os moradores. Além de fornecer alternativas para as necessidades físicas de pessoas com mais de 60 anos, os co-lares também ajudam no convívio entre as pessoas que fazem parte da comunidade, ao diminuir a sensação de solidão, algo que precisa estar contemplado nas soluções habitacionais.
Embora atenda a necessidades de pessoas acima de 60 anos, o projeto habitacional de co-lares não se restringe a essa geração. Segundo o criador do Centro de Estudos da Economia da Longevidade, Jorge Félix, o modelo é mais abrangente. Geralmente, envolve um grupo de arquitetos que faz a planta com o objetivo de atender também a uma filosofia voltada ao meio ambiente.
Ele diz que no Brasil ainda não há experiência privada de cohousing, principalmente pela dificuldade de aquisição de um terreno. O mais próximo, segundo ele, Há apenas uma iniciativa para que seja criado um co-lar em um sítio de Atibaia, no interior paulista, para entre 20 e 30 casas, seguindo o modelo americano.
No Brasil, o único projeto de moradia coletiva que conhecemos é o dos ex-professores e ex-funcionários da Unicamp, ConViver, em Campinas
ESTILO DE VIDA PARA TODAS AS IDADES
“Percebo uma necessidade crescente de se criar soluções mais sustentáveis. O fenômeno urbano dos imóveis vazios, as casas enormes e com IPTU altíssimo que foram construídas em um outro contexto familiar mostram que a dinâmica do viver precisa ser reinventada”, diz a arquiteta e urbanista Lilian Lubochinski, que é especialista no tema das moradias compartilhadas.
Dividir espaços e responsabilidades faz parte da rotina de todos que moram na Casa da Gente. Mais do que isso, eles compartilham um estilo de vida. Sustentabilidade é palavra de ordem no grande imóvel que ocupam no Pacaembu: existe um sistema de compostagem na área externa, produtos de limpeza feitos em casa e uma horta com temperos e hortaliças que complementa o cardápio integralmente vegetariano.
A casa é feita de áreas amistosas: cozinha ampla, copa com mesa redonda e sala espaçosa com almofadas no chão, onde meditam e assistem a filmes. “Temos orgulho de ficar em casa”, diz Edu. “Unimos recursos financeiros e emocionais para gerenciar a casa coletivamente pois acreditamos no poder da cooperação”, diz Mariana.
Quebrando tabus No mundo todo, a geração que hoje tem seus 70 (os “babyboomers”, a geração que, nos anos 60 e 70, rasgou sutiãs, questionou o sistema) começam a quebrar esse tabu. A tendência, segundo especialistas em mercado imobiliário e em envelhecimento de todo o mundo é que o número de pessoas com mais de 60 morando juntos só cresça, o que seria uma nova maneira (mais saudável, barata e divertida) de envelhecer.
Sabe república? Então. Por que ficar sozinha, depois, por exemplo que os filhos saem de casa, ou de um divórcio ou da morte de um parceiro? Por que não morar com amigos na mesma situação? Caminhamos para isso.
Caminhamos para isso. Uma pesquisa realizada na Austrália, por exemplo, mostra que cada vez mais pessoas mais velhas estão optando por dividir apartamento. A maioria decide por razões econômicas. Claro, se você não tem um apartamento próprio, alugar e dividir fica mais barato. E, se você comprou sua casa e, por exemplo, os filhos saíram de casa, alugar um quarto pode te dar uma renda extra.
Só que elas acabam achando outros benefícios, como, por exemplo, se sentir menos solitário, o que, entre outras coisas, faz bem para a saúde. Outra pesquisa mostra que essa tendência cresce no Canadá, em cidades como Toronto, onde a busca por imóveis é muito grande.
A maior população com quartos vagos são as pessoas com mais de 60, que estão alugando não só para pessoas de sua idade, mas também para estudantes. Eu quero uma casa no campo Cresce também pelo mundo a criação das “co-houses” (um nome hipster para comunidades).
Muitas pessoas que viveram em comunidades nos anos 60, 70 (e não só elas) estão voltando a morar nesses espaços. Nos Estados Unidos, já existem mais de 165 registradas e 140 em construção. Boa parte delas são dedicadas a pessoas de mais de 60 anos….
Quais as vantagens dessas moradias compartilhadas?
Morar com pessoas que têm atividades e estilo de vida parecidos tem inúmeras vantagens. Morar em um apartamento com o proprietário tem vantagens administrativas que são inegáveis no caso de pessoas com vida nômade ou que ainda não escolheram um local definitivo para viver, pois contratos de aluguel formais normalmente demandam uma situação financeira bastante estável e até mesmo vantajosa, dependendo da cidade. Agências costumam ser ainda mais exigentes com relação aos seus inquilinos, o que pode tornar a tarefa de alugar um apartamento praticamente impossível em algumas situações. Alugando um quarto no apartamento de um proprietário, os obstáculos burocráticos são infinitamente menores e sua mobilidade está garantida, tendo em vista que a entrada e saída do apartamento podem ser feitas de maneira mais rápida e prática.
Conheça as principais características do estilo cohousing
– Arquitetura unindo pessoas
As casas são construídas de forma a fortalecer a proximidade. Geralmente uma vila cohousing possui de 20 a 40 casas, todas de frente uma para as outras, com jardins, sem muros e áreas comuns entre elas.
– Casa própria
A individualidade existe obviamente, mas o convívio é essencial para que o projeto seja positivo para todos; a refeição sempre é feita em uma área coletiva.
– Vida conjunta
As vilas possuem cozinhas amplas, lavanderias, sala de ginásticas espaço de lazer, entre outras opções. Todas comuns a todos os indivíduos do projeto.
– Divisão do trabalho
As tarefas são inteiramente divididas, como o cuidado com o plantio de hortas, a limpeza e manutenção de jardins, a varrição de calçadas e etc.
– Meio ambiente
A sustentabilidade é um dos pilares do cohousing. O conceito utiliza transportes como bicicletas e busca evitar excessos. Com isso, os carros costumam ser de uso coletivo (é natural criar uma escala para levar e buscar crianças na escola ou outras atividades), outra opção é a preferência pelo transporte coletivo.
Além disso, tudo é pensado para os pedestres e o estacionamento fica em uma área mais afastada.
O mercado imobiliário para cohousing
O mercado enxerga esse novo conceito como um nicho a ser explorado. Uma pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) sobre consumo colaborativo no país divulgou informações importantes para quem deseja explorar o setor:
Cerca de 63% dos brasileiros já vivenciaram ou poderiam se adaptar ao estilo da cohousing.
Os entrevistados apontaram fatores como a economia gerada pela divisão de despesas, como custos com gás e internet, como um dos principais fatores para a escolha pelo novo conceito.
Além disso, em algumas vilas cohousing no Brasil é possível compartilhar o apartamento, assim a economia também significa gastar menos com aluguel e alimentação, já que tudo é compartilhado e dividido entre os moradores.
Em São Paulo já é possível encontrar imobiliárias que apostam no estilo de moradias alternativas que imitam o conceito de colaboração entre os moradores.