ZONA DE CONFORTO – POR LIVIA KINDLMANN
Já ouvi muitas pessoas usarem esse termo de forma pejorativa, com ideia superficial de que “sair da zona de conforto” representa apenas fazer algo extraordinário, desafiar-se, superar seu limite e, de fato, trata-se disso tudo mesmo. Mas o que não se aborda nesse momento é justamente o início desse processo. O que faz uma pessoa se superar? Quais confrontos internos ela passa primeiro? Quais desafio encara?
Nosso comportamento inicial é sempre preservar o que pensamos. Guardamos nossas crenças, ainda que sejam motivos de nossas paralizações, em redomas de vidros e debatemos o tempo todo contra qualquer argumento que as ameace. Somos intolerantes e rígidos porque achamos que essas crenças são princípios quando na verdade são meras convicções que adquirimos durante a vida e que nos limitam e castram nosso crescimento e desenvolvimento pessoal e, o pior de tudo, nos limitam.
Essas crenças estão presentes nos nossos ciclos sabotadores e curiosamente aparecem sempre no momento em que estamos por conquistar algo que nunca conquistamos e, contraditoriamente, sempre sonhamos.
Sair da Zona de Conforto é, inicialmente, ter a coragem de olhar para dentro e descobrir as emoções e pensamentos que te prenderam ou paralisaram em momentos decisão, de mudança, de crescimento em que você se boicotou. É aceitar com coragem o desafio do desconforto e colocar um pé no desconhecido. É entender de uma vez por todas que certos dogmas, se nos imobilizam, devem ser questionados, confrontados e ressignificados e não nutridos como verdades absolutas.
Quando pessoas fazem coisas extraordinárias que não imaginavam fazer é porque, em algum momento, combateram seus pensamentos nas mais profundas escalas e descobriram que não faziam mais sentido e não mais condiziam com toda a história que escreveram, todas as experiências vividas.
E é exatamente isso que representa SAIR DA ZONA DE CONFORTO. Um caminho sem volta pra dentro de si, tocando os desconfortos e questionamentos, preservando o caráter e abrindo mão do que paralisa.
Saltar a janela é muito mais sobre o medo de voar do que sobre o receio de cair.
Pense nisso.
Lívia Kindlmann
Espiritualidade,Paliativista,Autoconhecimento,Finitude,Palestrante